sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vídeo Aula 7 - Crianças e jovens com necessidades especiais na escola – dialética da inclusão / exclusão

No que diz respeito à inclusão/exclusão escolar, diversos sujeitos e instituições se entrelaçam:


  • Pais;
  • Professores;
  • Alunos;
  • Equipe de gestão;
  • Entre outros atores da comunidade escolar.



Esta relação constitui um fator preocupante, pois nem todos possuem a mesma concepção e até mesmo informação acerca da inclusão.
Sabe-se que, infelizmente, a maioria das escolas não estão preparadas para atender alunos com deficiência, do mesmo modo que os professores e equipe de gestão consideram não ter formação adequada para lidar com o assunto, o que acarreta uma situação extremamente comum em nossa sociedade: alunos de inclusão matriculados em escolas regulares se encontram excluídos.

É preciso rever urgentemente diversos aspectos relacionados à inclusão, pois de nada adiantará permanecer nesse impasse excludente, no qual o professor alega não ter preparo, não busca atrelar a afetividade à busca de informação, conhecimento que o conduza a estratégias que considerem as potencialidades desses alunos que possuem necessidades especiais.


Essa vídeo-aula remeteu-me ao artigo Aspectos excludentes da inclusão, do qual apresento fragmentos abaixo:

Maria Salete Aranha, professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Marília, lembra que a educação inclusiva não deve ser caracterizada como a educação para pessoas deficientes. "É uma educação de qualidade para toda e qualquer pessoa, que promova o acesso de todos e responda às necessidades educacionais de cada aluno."

A legislação estabelece que a educação especial, no contexto da educação inclusiva, deve oferecer para os alunos com necessidades educacionais especiais alguns tipos de serviços, chamados de suportes. Aranha explica que entre esses suportes está a sala de recursos, que deve contar com todos os equipamentos, materiais e maquinários diferenciados necessários para responder às demandas de alunos com necessidades especiais. Por exemplo, para o aluno com deficiência visual, a sala deve oferecer máquina de datilografar, livros e materiais de estimulação, todos em Braille.

Apesar das indicações para o uso de diversas estratégias metodológicas que possam facilitar o aprendizado, Monteiro acredita que, por enquanto, esta prática inclusiva ainda é bastante deficitária. Segundo a professora, muitas escolas não resolveram questões básicas como a construção de rampas e de banheiros adaptados. Assim, o individuo com necessidades especiais acaba inserido em um ambiente que não lhe provê a atenção e os recursos necessários para que ele possa se desenvolver plenamente, e é esperado que ele se adapte.  "Em uma pesquisa minha, nós detectamos que um menino de 10 anos com nanismo não ia ao banheiro porque ele não alcançava o vaso. E a escola deu um banquinho pra ele ir ao banheiro. Era uma coisa extremamente discriminatória."

Outro fator apontado por Monteiro diz respeito à formação do professor. Apesar de recomendado pelo MEC, muitos cursos de Pedagogia e licenciaturas, de um modo geral, não oferecem disciplinas que tratem de questões sobre a inclusão. E, para os profissionais em exercício, são raros os cursos de educação continuada na área.

Assim, é possível verificar que a existência de políticas públicas, por si só, não tem garantido que o processo de inclusão ocorra em condições adequadas. Naujorks explica que uma das questões importantes nesse processo diz respeito à atitude das pessoas frente à diferença. "No que se refere aos docentes, é fundamental a competência para saber lidar com essa diferença em sala de aula. Isto implica na organização, elaboração e adequação de produção de materiais didáticos." No entanto, não se trata da culpabilização dos professores, e sim da defesa de melhores condições de trabalho, salariais, e até mesmo da formação de qualidade.

Implantar esta política implica, na verdade, em uma série de processos nos quais os documentos legais e os professores são apenas pontos, cada um em um extremo. A professora da UFMS reforça que além da competência dos gestores escolares, da vontade dos pais e do relacionamento entre os alunos, a política de inclusão da educação especial necessita de um aporte de recursos financeiros. "Se considerarmos o que um projeto assim implica em termos de recursos humanos, de equipamentos e de adaptação dos espaços físicos, a conta é alta. Não há como privilegiar apenas um aspecto, como por exemplo a formação de recursos humanos. Há que se considerar o conjunto."

Segundo Monteiro, a falta de estrutura física adaptada e pessoal treinado tem feito com que muitos pais peçam a volta das escolas especiais. A professora considera que o ensino praticado nas escolas especiais não é necessariamente segregador, pois elas dispõem de uma estrutura condizente e de equipes multidisciplinares capazes de atender as necessidades desses alunos. "Apesar do lema politicamente correto, a política de inclusão é na verdade uma inclusão excludente. Do jeito que está sendo praticada eu vejo nessa inclusão uma racionalidade financeira, porque as escolas especiais são muito caras."

A professora lembra também a lentidão em relação ao repasse de verbas e as mudanças de planejamento atreladas a mudanças de governo. "Entra um governo, faz uma coisa, entra outro e muda tudo. Nós não temos políticas de Estado, nós temos políticas de governo."

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